O Ano velho já lá vai e este 2010 que agora terminou deixou-me na sua parte final um sapo para engolir, resultado duma situação daquelas que se consta ser comum, mas que por experiência própria nunca tinha provado o seu amargo sabor.
Felizmente, a vida permite-me uma disponibilidade para apenas me dedicar ou candidatar a projectos que me motivem e dentro da experiência que até aqui adquiri julgar poder ter uma boa prestação. Nessa base, candidatei-me a Delegado Regional e Delegado Municipal do Censos 2011.
Aparentemente seria uma função que exigiria experiência e competências ao nível:
. de chefia, que tenho;
. de coordenação, que tenho;
. de planeamento, que tenho;
. de recrutamento, que tenho;
. de informática, que tenho;
. de conhecimentos cartográficos, que tenho;
. de formação, que tenho;
. de disponibilidade total, que tenho;
. de perfil expedito, que julgo ser;
. de perfil comunicativo, que julgo ser;
. de perfil sociável, que julgo ser;
Em suma, parecia-me ter tudo para encaixar que nem uma luva no que era exigido ... mas afinal não tinha, afinal faltava-me o principal.
Ultrapassada a avaliação curricular, fui convocado para uma entrevista de grupo, onde foi avançado um pouco mais do que nos esperava, que somado à avaliação que fiz da concorrência, que me pareceu ser fraca, me deixou confesso entusiasmado.
Assim, foi com naturalidade que encarei ser chamado a Lisboa ao Instituto Nacional de Estatística, agora para uma entrevista individual onde julgo não ter comprometido, mas donde saí perplexo com o que ouvi, fazendo logo nessa data menção disso na minha página do Facebook, sem obviamente mencionar a Instituição e o que estava em causa.
E o que me deixou perplexo, foi ouvir e ficar a saber que para o exercíco de funções numa instituição pública, cujo preenchimento é efectuado através de um processo de selecção por concurso público dessa instituição, haja o direito de veto por parte das câmaras municipais, cujo processo de selecção lhes passa ao lado na totalidade ... e quando o candidato pré-seleccionado "não é da côr" (que até era o caso), pode ser uma chatice.
E ainda não estava recomposto do que tinha acabado de ouvir, já me estavam a informar que muitos dos srs. Presidentes de Câmara por este país fora, quando o INE lhes apresenta o resultado da sua selecção, estes dizem que "têm um melhor" ... ao que os responsáveis do INE se acobardam por forma a evitar melindres, facto humanamente compreensível uma vez que é necessária a colaboração das autarquias para levar por diante a sua empreitada e o melhor mesmo é não haver chatices.
A esta apetência dos srs. Presidentes de Câmara por este assunto, não é estranho o facto na sua lógica de manutenção no poder, terem a possibilidade de distribuir mais uns rebuçaditos pela malta amiga, que no caso são os recenseadores que nos vêm bater à porta ... o perfil para a função, logo se vê que "aquilo é só tocar à campainha e entregar uns papéis".
Pois bem, se em relação ao preenchimento dos lugares para Delegados Regionais e apesar ter sido aberto concurso, pareceu-me correcta a opção da Instituição recorrer, estando disponíveis, a pessoas com quem já trabalharam e que demonstraram um desempenho positivo ... já no que diz respeito ao lugar para Delegado Municipal do Entroncamento, a coisa cheira-me muito a esturro.
É que soprou-me um passarinho ao ouvido que o que sobressaiu no curriculum do "candidato seleccionado" foi uma cartinha de recomendação do sr. Presidente da Câmara conjugada com a oportuna existência dum familiar do candidato dentro do próprio INE ... e a ser verdade, era isto que me faltava, faltava-me o principal: "A CUNHA".
E srs do INE ... se por acaso a vossa escolha recaiu sobre um sr. que estou para aqui a pensar, referem-se a ele aqui no Entroncamento nos seguintes termos: "... que sensibilidade tem para lidar com pessoas? - nenhuma, nunca soube lidar com pessoas esse senhor.", ou então "...não respeita funcionários ...", ou "... Ameançando todos ...", ou "...julga-se superior, não quer saber ...", ou " ... Que qualificações têm esse senhor ... Na minha opinião nenhuma..." ... e atenção ... não sou eu que o digo, procurem na Net que encontram estas citações.
E já agora, ainda para V.Exas. do INE, sabendo-se à partida qual é o resultado final, para a próxima podem abrir concurso na mesma, mas não chamem ninguém sff, é menos maçada para todos.
Dito isto meus amigos, quando em Março, do Algarve ao Minho, vos tocarem à campainha para entrega do questionário do Censos, há grandes probabilidades da pessoa que está à vossa frente ter sido escolhida apenas porque é da côr do Presidente da Câmara e se ela não souber responder convenientemente às suas dúvidas, então é quase de certeza. E ao olharem para ela, lembrem-se que também o chefe dela está no cargo graças a esse apetrecho fundamental que é a cunha. E se depois der bronca, como deu à 10 anos no Entroncamento, com o caricato do Presidente da Câmara na altura a pretender repetir o Censos ... não estranhem, é apenas mais uma factura deste triste fado do compadrio que existe em Portugal, cujos exemplos infelizmente são mais que muitos, mas
TEM DE HAVER ESPERANÇA, TEM DE HAVER FUTURO!